Rasgando a medo a noite dos meus silêncios.
E porque nem sempre é fácil a revelação pessoal brotar dum pulo de língua ou dos saltitos de dedos destros . O ser feito novelo que se desenrola com desvelo . Toma-se-lhe a ponta . Desfia-se . Recriemos
éméle
É como caminhar sobre vidro. Avistar as verdades e mentiras sem poder sequer tocá-las e, no mesmo instante, sentir o passo seguinte dado nessa plataforma transparente, frágil, insegura, falhar; sentir o pé tocar no vazio e afundar, afundar, afundar até aterrar de novo no mesmo vidro. As tripas tocam o céu da boca nessa queda-viagem.
É assim a perdição em que me sinto.
Nada do que ele me diz me trás segurança - e por isso mesmo me atrai demasiado!.
Tudo o que me diz vem mais tarde a afirmar como atoardas.
Atordoa-me!
No entanto, no meio de tantos dizeres, há algo indefinido que insiste em ficar, e não é bem x ou y do que ele afirma sentir e mais tarde desmente, mas sim um sentir latente nas suas palavras como um todo, que fica gravado em mim.
E é isso que me dá segurança. É isso que faz com que aterre de novo no tal vidro e continue a caminhada.
... contigo para um conto?
Aliás, o pedido estende-se também a quem nos venha a ler e a mim própria.
Damo-nos o tempo que for necessário para colocar ideias e palavras em conjunto (desde que não demoremos meses ou anos ;-) ).
Tenho esta frase em mente já há um bom pedaço de tempo e, agora mesmo ao abrir o blog, tive esta ideia relâmpago de que daria um bom mote para um pequeno conto.
A lua deita-se com o norte.
É esta a frase.
Vale?
:-)
O tempo que entremeia os nossos "contactos", cada vez mais esporádicos, é uma membrana elástica que nos une. Fazemos ricochete um no outro, e, após embate, somos propulsionados em sentidos, na maior parte das vezes, opostos. E é neste percurso solitário que este tempo absorve sensações de nós - nossas - tornando cada vez mais substanciosa e consistente a membrana.