Os acordes não estavam a brilhar cá dentro, mas a letra "I'd rather feel the pain than nothing at all" foi a bofetada necessária para despertar quem já não dormia dias a fio.
O tal nothing é que é fodido, e cada vez paira por mais tempo e muito mais amiúde.
E porque nem sempre é fácil a revelação pessoal brotar dum pulo de língua ou dos saltitos de dedos destros . O ser feito novelo que se desenrola com desvelo . Toma-se-lhe a ponta . Desfia-se . Recriemos
quinta-feira, agosto 31
Há sons assim
terça-feira, agosto 22
-1
Serão desencontros propositados ou simplesmente rasgos de tempos descompassados?*
(*resgatado de um pedaço de papel esquecido no fundo de uma gaveta)
sábado, agosto 19
A ruminar
Desde que me lembro saber ler que tenho este hábito, um entre alguns, mas por ora e aqui só fica aprovado este. Costumo olhá-los ao longe, deitados, de modo a poder saborear em primeiro plano o nome, assim de lado, e, entre aproximações, tanto físicas quanto mentais, tento entrever a história por detrás do título que o deitou às prateleiras. O tempo histórico, as personagens, os riscos calculados ou não a que se entregam e com quem e porquê e a polpa da fruta que estou prestes a saborear. Deito-lhe a mão e sopeso-o.
Abro ao calhas e leio a passagem onde os meus olhos caiem pela primeira vez.
- anda comigo
e levaste-me para a cama. Enroscaste-te em mim e começaste
a coçar-me as costas, muito devagar. Dormimos muitas e muitas
vezes assim - e nunca, nem por um segundo, pensámos em fazer
aquilo a que os inocentes chamam sexo. Falávamos muito disso,
sim - desse acto a que as pessoas vão chamando sexo ou amor
consoante as conveniências e as circunstâncias. Esse acto que as
pessoas vão repetindo até à mais exaustiva solidão. Nós não podía-
mos prescindir um do outro. Não podíamos entrar no infinito jogo
finito do corpo. Derramei sobre a tua vida, por incontáveis noites,
os meus breves amores perfeitos, pormenor a pormenor. E tu der-
ramaste sobre a minha as tuas paixões impossíveis, impossíveis
de apagar. Desejo-te tanto, ainda.
página 109
Pedrosa, Inês.Fazes-me falta.
Não retrocedo as folhas. Por esta passagem me fico, por enquanto, enquanto que o baque tilinte cá dentro.
sexta-feira, agosto 11
Da névoa
Quando se segura a vida na ponta dos dedos como a um cordel.
Esticar, mais, menos, com que frouxidade deixar que caia ou, de súbito, provocar-lhe um repentino esticão?
Sei como fazer tudo isto, com ou sem consciência de.
Mas... quem segura a outra ponta?